SAIA DA MINORIDADE PARA A MAIORIDADE
A emancipação é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é o responsável.
[A menoridade é a incapacidade de fazer uso do entendimento sem a
condução de outro].
O Homem é o próprio culpado dessa menoridade quando sua causa reside não na falta de entendimento, mas na falta de resolução e coragem para
usá-lo sem a condução de um outro. Sapere aude! [Ousai saber!].[Tenha coragem de usar seu próprio entendimento!-Esse é o lema da Ilustração a seguir.].
Preguiça e covardia são as razões pelas quais uma tão grande parcela da humanidade permanece na menoridade mesmo depois que a natureza a liberou da condução
externa [...] a essas são também as razões pelas quais é tão fácil para outros manterem-se como seus guardiões.
É cômodo ser menor. Se tenho um livro que substitui
meu entendimento, um diretor espiritual que tem uma consciência por mim, um médico que decide sobre a minha dieta e assim por diante, não preciso me esforçar.
Não preciso pensar se puder pagar: outros prontamente assumiriam por mim o trabalho penoso. Que a passagem a maioridade seja tida como muito difícil e perigosa
pela maior parte da sociedade.
Deve-se a que os guardiões de bom grado se encarregam de sua tutela. Inicialmente os guardiões domesticam o seu gado, e certificam-se
de que essas criaturas plácidas não ousarão dar um único passo sem seus cabrestos: em seguida, os guardiões lhes mostram o perigo que as ameaças caso elas tentem
marchar sozinhas [...]
É muito difícil para um indivíduo isolado libertar-se da sua menoridade quando ela tornou-se quase a sua natureza [...]
Mas que o público se
esclareça a si mesmo é muito perfeitamente possível; se lhes for assegurada a liberdade, é quase certo que isso ocorra...sempre haverá alguns pensadores independentes
, mesmo entre os guardiões das grandes massas, que, depois de terem-se libertado da menoridade, disseminarão o espirito de reconhecimento racional tanto de sua
própria dignidade quanto da vocação de todo homem para pensar por si mesmo.
Enquanto essa reforma não ocorrer, novos preconceitos servirão, tão bem quanto os antigos, para atrelar as grandes massas não pensantes. Entretanto, nada além
da liberdade é necessário: na verdade, o que se requer é a mais inofensiva de todas as coisas ás quais ela pode ser aplicada, a
liberdade de fazer uso público da própria razão a respeito de tudo.
José, com uns 9 dedos de Kant
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